sábado, 29 de abril de 2017

O futuro que planejamos? O Fim da Eternidade [Spoiler Alert] - Parte 2

  Continuando o raciocínio da postagem anterior, o livro induz à reflexão de que o controle do futuro não é bom, tendo em vista que aprendemos e evoluímos junto com nossas mazelas. Porém, pode-se pensar que o pensamento de Asimov esteja apontado para uma única direção pelos motivos que apresentarei a seguir.
  O desfecho da trama acontece quando uma das personagens se revela ser, na verdade, uma enviada do futuro que objetiva acabar com a Eternidade por acreditar que o sofrimento levará a humanidade a avanços. Porém, não é só isso. O argumento da personagem se baseia na conquista espacial. Segundo a mesma, o controle do futuro, a fim de impedir catástrofes, tolheu o desenvolvimento das ciências espaciais, desenvolvimento esse inerente à humanidade, que diversas vezes ao longo dos milênios tentou desenvolvê-lo.
  O argumento torna-se mais agudo quando ela afirma que quando finalmente o ser humano conquistou o espaço, outra raça mais jovem, porém mais desenvolvida tecnologicamente, já havia colonizado a galáxia. Há de pensar-se que uma raça tão desenvolvida tecnologicamente fosse capaz de perceber todos os defeitos impostos por um sistema de colonização. Porém, a história do período de colonização é tão antiga no tempo
que seria como analisarmos a história dos dinossauros. É algo muito antigo, Jurássico.
  Na continuação do desfecho, a personagem afirma que o desejo da humanidade de alcançar o espaço se baseia no objetivo de espalhar seus descendentes por toda a galáxia, permitindo a continuidade da espécie.
  Pode ser estranho pensar que a sociedade que trabalha na Eternidade não veja os problemas da colonização, porém observei com uma leitura mais abrangente. Esse fato só reforça a genialidade da obra de Asimov, tendo em vista que, como sempre pensei, desenvolvimento tecnológico não implica necessariamente em desenvolvimento humano. Uma sociedade pode ser desenvolvida tecnologicamente e totalmente desprovida de compaixão pelos seus iguais.
  Uma sociedade assim é citada por George Martin em Wild Cards. A sociedade do Dr. Tachyon é um exemplo disso, pois ela é altamente evoluída tecnologicamente e coisas como fratricídios e eliminação de deficientes são corriqueiras. 

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário: